sábado, 11 de abril de 2009

A paixão de Ferris


Esse blog morreu.
Todos os últimos posts foram de nego que continua escrevendo em outros lugares, e mais lá do que aqui. O post mais popular, de longe, foi a crítica que o Gui fez de "curtindo a vida adoidado". Eu acho que o motivo pelo qual esse blog não foi pra frente é o mesmo que o Gui ignorou quando falou tão mal de Save Ferris. Eu não acho que esse seja o melhor filme do mundo, e nem vejo como alguém poderia esperar isso dele. Não vou defender a excelente trilha sonora, nem a edição foda do filme, e menos ainda as nuances metalinguísticas (bem divertidas) do filme. Não, isso seria cair no erro de julgar a obra no meio do vazio, fazer como Gui fez, esquecer que as coisas são sempre relativas a outras coisas.
Pela tom da crítica do Gui, e pra alguém que não conhece a figura, fica-se com uma imagem de um intelectual defensor do politicamente correto (fora um pouco de machismo aqui e alí). Qual o problema dos personagens latinos e negros serem ladrões? não, isso não pode, é um reforçamento dos estereótipos sociais opressores! Qual o problema do roqueiro ser drogado? que absurdo com os pobres roqueiros! Qual o problema da menina ser uma vadia? ela por acaso deveria estar em casa planejando como derrubar o sistema de produção do patriarcado, lendo Derrida, Deleuze e tendo sua sexualidade reprimida por não poder ser uma simples vadia? E caralho, se eu conhecesse alguém como Ferris, eu tentaria ser igual a ele, e admitindo a impossibilidade, claro que eu também iria querer amarrar o rapaz em mim, com um casamento, por que não. E sobre perguntar se sabe falar inglês, velho, isso mostra o quanto o personagem é cosmopolita e admite que existam pessoas que não falem sua língua, perguntando educadamente se esse era o caso ou não.
Playback. Honestamente, um filme com uma performance ao vivo não é um paradoxo não? Se for assim, todas as bandas que já gravaram um videoclipe entram na categoria do playboy. E ele cantou a versão dos Beatles (a primeira boy-band, que nem de playback precisava, só aparecia e deixava as menininhas gritando), a banda à prova de críticas. Sim, a namoradinha não sente ciúmes, um claro traço de que é uma piranha indigna de aparecer em um filme respeitável! pff. Em outro contexto isso pode ser visto como segurança de si, em um indício de profundidade no personagem que não pôde ser explorado no filme. Ou então, como Gui mesmo poderia ter deduzido, ela é só bem-comida mesmo.
A conclusão da crítica é, no entanto, bem inteligente: faz sentido ser impessoal mesmo com coisas que a nossa infância embeleza na nossa mente. Tímido. Por que não ser cruel com coisas que a gente gosta agora mesmo? Claro, Save Ferris não é uma grande obra sobre o sentido da vida, ou um dos pilares da moralidade anti-branco-classe-média-mainstream que o Gui queria ter assistido. Mas pelo menos dura só uma hora e meia. Me pergunto se existe alguma coisa que consiga satisfazer essa pessoa estranha que se revelou nessa crítica. Uma pessoa assim nunca, por exemplo, perderia seu tempo assistindo horas de Naruto (desenho japonês da pior espécie, que faz Dragon Ball parecer Tolstoi), temporadas inteiras de seriados americanos como Lost, Heroes ou 24 Horas, nos quais os valores defendidos também não são exatamente as coisas mais libertárias e inteligentes que a filosofia já viu. O autor dessa crítica nunca passaria centenas (milhares quiçá) de horas frente ao computador vendo o maravilhoso World of Warcraft desafiar todas as nossas interpretações e estereótipos metafísicos, encontrando então as virtudes que um bom filme deveria pregar. Claro que pra alguém assim, curtindo a vida adoidado pareça infantil e sem graça, um desperdício de tempo.
Tudo isso me leva a uma conclusão simples. As coisas concorrem pelo nosso tempo, e na conta do que a gente vai fazer não entra só o quanto elas são boas, mas o quanto elas custam em tempo e esforço. E por demandar tanto desse mesmo tempo, e ainda por cima esforço, esse blog acabou perdendo pra essas mesmas coisas (além do estudo, trabalho, etc).
Isso nunca aconteceria com Ferris. Ferris é demais!

ps. sente só isso aqui

7 comentários:

  1. tirando o clip de terror achei esse texto palha.

    fraco em uma crítica tão rasa que busca fatos da vida de um amigo para servir de apoio para seus argumentos.

    esse papo de xaropar broders só valem a pena em mesa de bar. não nessa necessidade de esquecer o menino magrelo, feio, que não era ouvido por ninguém, que teve que ganhar massa e ler para finalmente ser levado a sério.

    é legal mesmo essa linha de ofensas, mas perde muito a graça sem ver o rosto dos demais rindo com você enquanto o alvo faz biquinho.

    Gui texto nota 10, sua réplica Zero (loser)

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  2. na verdade depois de botar minha indignação diante de tamanha merda de obra (ferris day off)no papel, eu meio que li meu proprio texto e achei mesmo que parecia moralista e piegas.
    mas deixei do jeito que tava, uma vez que foi escrito de maneira explosiva, tendo portanto sinceridade emotiva.

    ok.... isso foi emo

    //_-.

    mas não me arrependo de nada.

    Primeira e mais importante variavel na equação geral dos filmes, jogos e seriados ruins que eu assisti: Dissonância cognitiva (sim, o pedro que me ensinou essa).
    Sabe quando você gasta tempo, esforço ou dinheiro demais em uma coisa pra achar que ela é ruim?... ai cê acaba achando as lutas/efeitos/detalhes ou qualquer merda legal só pra compensar a merda que é a obra completa.
    poisé... acabamos encontrando utilidade pra tudo.
    uns 5 dos 80 episodios de naruto que eu vi eram bem feitos (palha mesmo)
    a primeira temporada de heroes foi bacana (ou simplesmente era sobre herois e eu achei legal), e mais do que isso... eu e o gabriel tinhamos uma atividade maneira pra segundas feiras: fumar maconha e ver heroes (antes era 24 horas).
    WOW me manteve perto de bons amigos (patolino e rafael) e longe das drogas e de um namoro decadente (sim...triste).
    mas ferris day off... isso sim realmente valeu a pena assistir.
    Algo que ouvi muito dos brothers: Gui é saudosista pacaralho.
    poisé... infelizmente só percebi o mau nisso quando vi que toda a juventude 80s sofria com saudosismo agudo.
    E quando se percebe isso, portas se abrem.
    livrar-se do saudosismo te permite ser feliz sem comparar sua situação atual com o passado.
    por exemplo, eu fiz questão de ir num festival de covers fim de semana passado la em cocalzinho (foi uma bosta).
    o zé (impulsionado pelo meu irmão) nos mostrou que X-Men é fulêro pacaralho por exemplo.

    enfim... talvez esse post possa trazer devolta a vida a este Blog, mas não contem comigo... estarei estudando anatomia e vou olhar só de vez em quando.

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  5. porra, eu não queria de jeito nenhum que o que eu disse ofendesse ninguém pessoalmente (muito menos o Gui), mas sim apontar a dificuldade que a gente tem em justificar os nossos gostos frente a um padrão que não seja extremamente pessoal (tipo isso me ajudou nisso, ou eu fazia isso com fulano, e isso era legal). justificar as coisas assim só leva a conclusão que as pessoas só gostam do que gostam porque tiveram um bom tempo enquanto com aquilo. ou acham que tiveram. eu acho que existem critérios melhores do que esse, e pus em oposição obras que eu sabia que não teriam como ser defendidas de nenhum jeito (que não o de ter passado um bom tempo) frente ao Ferris. só pra mostrar que todo o texto (muito comédia) do Gui poderia ter sido resumido a uma versão raivosa de "vi esse filme num contexto muito palha, e ainda por cima sóbrio". se por outro lado, tivesse dado exemplos de filmes assumidamente melhores, poderiam ter brotado respostas claras em oposição, tipo sei lá, alguém falando sobre como apocalypse now (por exemplo) é muito melhor porque tem atuações fodas, personagens densos e trilhões de significados embrulhados em um bela fotografia, etc. nada contra sacanear os bróders (nenhum de nós tem), mas concordo plenamente com o zé, é muito melhor fazer isso ao vivo. de qualquer forma, foi legal ler o gui admitindo que foi moralista e piegas, hehehe

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  6. e também ver como o zé é bicha e viadinho

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  7. caraqlho... coloquei "por exemplo" em duas sentenças consecutivas.

    http://www.youtube.com/watch?v=FjqfZ1vQwdU&NR=1

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